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Manuel Machado em entrevista

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Mensagem por ' bernas Seg Set 07, 2009 1:52 am

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Manuel Machado, o treinador do Nacional da Madeira, que recentemente qualificou a equipa madeirense para a Liga Europa, ao afastar no play off os russos do Zenit, deu uma entrevista exclusiva para a Antena 1 e para o Record. Fica aqui o excerto da mesma:

RECORD - O Nacional tem quantidade, mas possui qualidade para manter a bitola do 4.º lugar. Por exemplo, tem um substituto à altura para o Nené?

MANUEL MACHADO - Ainda não sei responder a essa questão. Dos quatro jogadores de área ainda não pude utilizar nenhum. O Rodrigo teve uma fratura, o Edgar só agora chegou e foi inscrito, o Anselmo fez uma rutura e o Mateus também fez uma lesão na seleção de Angola. Por outro lado, é nestas situações que surgem oportunidades para outros jogadores, como é o caso de um jogador que há dois anos estava na 2.ª divisão, no Penalva do Castela, o João Aurélio, neste momento o melhor marcador da equipa, com 3 golos em 5 jogos, uma média muito boa para quem tem 20 anos.

R - Para além do Nené, a equipa perdeu o Alonso e o Maicon, está mais fraca do que na época passada?

MM - Julgo que não. O Maicon é um jogador emergente, que não era conhecido, que foi acabado no Nacional - se me é permitida a expressão -, mas outro jogador veio para o substituir, o Clebão. Mas há outros, como um jovem chamado Tomasevic, que tem dado boas provas e está já na seleção do seu país com 19 anos. Também há o Wellington, um lateral esquerdo que está a adaptar-se. Julgo que no bloco defensivo não perdemos nada. Relativamente à concretização, tanto no Nacional como noutro clube, é difícil substituir um jogador que se revelou o melhor marcador. Mas o Nacional sempre teve jogadores com boas prestações nessa área, como foi o caso do Adriano, que jogou no FC Porto e agora representa o Sp. Braga, e o André Pinto, que fez 16 golos. A este nível não é fácil substituir um jogador com uma prestação semelhante à do Nené. Mas é algo com que temos de viver. Pode até ser que o Nacional venha a terminar a época com o mesmo número de golos, repartidos por mais jogadores.

R - Referiu o nome de Tomasevic como uma das revelações, um jogador que era júnior. Começa a dar frutos o trabalho da formação?

MM - Começam a dar frutos as infraestruturas disponíveis que permitem depois fazer um trabalho de formação adequado. O Nacional não tinha mais nada para além do Estádio Eng. Rui Alves a não ser um campo pelado, mas com a colaboração do Governo Regional avançou para a construção do novo estádio e hoje na Choupana existem quatro relvados, o que permitiu redimensionar o projeto formativo e a partir daí tirar dividendos. Formar bem vale a pena. Eu tenho experiência disso, pois trabalhei nessa área durante duas décadas.

R - Mas a formação dos plantéis do Nacional assenta muito no recrutamento, sobretudo de jogadores brasileiros. Como é feita a articulação com o trabalho do presidente do clube nessa área?


MM - Temos um canal aberto não muito formal que funciona. O presidente conhece o meu pensamento relativamente à estrutura das equipas que lidero e eu transmito-lhe o perfil dos jogadores adequado.

R - O presidente trabalha com perfis fornecidos pelo treinador?


MM - Exatamente. Nem sempre é possível ajustar a contratação ao perfil desejado, mas o presidente, dentro do seu conhecimento do mercado sul-americano, nomeadamente brasileiro, acaba sempre por encontrar jogadores, atendendo também aos próprios limites orçamentais do clube, que se aproximam desse perfil.

R - É difícil trabalhar com um presidente como Rui Alves?

MM - Eu julgo que as pessoas têm uma ideia errada em relação ao presidente Rui Alves, uma vez que só conhecem aquilo que passa para o plano externo. Internamente, no funcionamento do clube, é solidário de forma permanente nas dificuldades com que nos debatemos e é também amigo. Dir-lhei-ei que já tendo conhecido uma mão-cheia de presidentes, alguns deles excelentes, com os quais mantenho boas relações, é particularmente agradável trabalhar com o eng. Rui Alves e não é por acaso que o faço pela terceira época.

R - Rui Alves disse esta semana que anda muita gente distraída, incluindo o selecionador nacional, em relação a Ruben Micael. Acha que tem valor para a Seleção e que é o próximo jogador a sair do Nacional?


MM - É dos jogadores mais competentes que temos connosco, que não haja dúvida. O Ruben Micael jogava há dois anos na II B, em poucos meses tornou-se uma referência da equipa, já foi convocado para a chamada Seleção B...

R - Disse recentemente que este campeonato será dividido em dois, o dos três grandes e o das outras equipas. Porquê?

MM - Só quem não tiver o mínimo de atenção não vê que o nosso campeonato está fraturado. O FC Porto, o Benfica e o Sporting têm meios, uma base de apoio e cobertura da comunicação social que não são comparáveis às dos outros clubes, que jogam um campeonato à parte. Aquilo que se passou no Estádio da Luz - e os jogadores do Benfica apenas fizeram o seu trabalho, bem, com muitos golos - é o retorno a uma realidade de há 25, 30 anos, em que as equipas iam aos estádios dos grandes para serem goleadas. Não é possível que a média orçamental dos outros 13 clubes seja de quatro milhões de euros e os outros tenham duas ou três dezenas de milhões de euros para investirem em contratações, sem contabilizar a massa salarial.

R - É da opinião que o futebol português não está melhor?

MM - Não está melhor. Isso leva-nos para áreas que não são a minha, a técnica, mas eu estou atento. A concentração de meios nos três grandes, a cobertura mediática que lhes é reservada, a concentração de sponsors, que não se aliam a quem não tem cobertura na comunicação social, leva ao agravamento deste tipo de situação, que culmina nas televisões, que têm um peso decisivo nos clubes. O que se passa em Portugal é ímpar em relação ao que se passa na Europa, na distribuição de verbas das televisões...

R - A proibição que o seu presidente fez em relação às televisões de não registarem os jogos com o Zenit não prejudica o Nacional?

MM - As propostas que chegaram ao clube para a transmissão não foram minimamente aceitáveis. Quando se oferecem 20 ou 30 mil euros por um jogo internacional é ofensivo para o clube. Mas tudo isto são consequências. Talvez seja mais interessante analisar as causas. Vejam como são distribuídas as verbas na Champions, na liga inglesa, agora na Liga Europa, e as assimetrias existentes em Portugal, onde essa distribuição é feita de forma indecorosa. Eu nada tenho contra os profissionais do Benfica, que fizeram o seu trabalho, mas temo que os 8 golos já sejam reflexo daquilo a que me estou a referir.

R - Já referiu duas vezes o nome do Benfica, o Benfica que é treinado por Jorge Jesus, a quem chama o "rei das táticas". A que é que se deve a sua aversão em relação ao atual treinador do Benfica?


MM - Penso que esse assunto está esgotado. Eu tenho um conjunto de valores e princípios, quer no plano profissional, quer no plano pessoal. Há pessoas que têm outros, nos quais não me revejo. A não haver dados novos, nada tenho a acrescentar.

R - Jorge Jesus está a fazer um bom trabalho?

MM - O Benfica está a fazer um bom trabalho. E eu não confundo competência técnica com qualquer outro tipo de fator de índole pessoal. Há progressos claros e não é razoável esbatê-los naquilo que é o Benfica de hoje em comparação com o do passado, e isso é mérito de quem dirige, como é o seu presidente, o seu diretor-desportivo e o seu treinador, como é evidente. O Benfica tem um plantel muito mais equilibrado e assim é normal que haja progressos.

R - O Nacional já defrontou o FC Porto e o Sporting, falta-lhe o Benfica. Pensa que FC Porto e Benfica esta época estão num plano superior, são os únicos concorrentes ao título?


MM - Não me atreveria a isso. Conheço o Paulo Bento...

R - Coloca os três no mesmo plano?

MM - Não partem no mesmo plano, o treinador do Sporting não dispõe dos mesmo recursos, mas acredito que a equipa vai ser competitiva até ao último momento.

R - A Seleção Nacional vai caminhar irreversivelmente para uma equipa mais brasileira do que portuguesa?


MM - Nem pouco mais ou menos. O facto de termos três jogadores na Seleção nascidos no Brasil faz-se por aquisição de direitos de cidadania e nacionalidade, e por aí não vamos ter grandes problemas. É uma situação recorrente, em muitas seleções e muitas modalidades, não estamos a criar nada de novo. Este é um momento conjuntural. Temos de saber viver com ele e não vejo grande problema em termos Deco, Pepe e Liedson na nossa Seleção.

R - Qual é a sua posição em relação aos árbitros de baliza que a UEFA vai testar na Liga Europa?

MM - Penso que o futebol continua resistente à mudança. Aumentar para seis o número de homens que dirige o jogo só vai criar mais confusão. Não é fácil ao árbitro gerir as indicações dos seus auxiliares. Em vez de ter três vai passar a ter cinco, o que eu duvido que seja a solução. Mas é uma opção de quem dirige. A resistência aos meios tecnológicos continua a ser uma permanente, mas vamos esperar para ver até que ponto mais quatro olhos ajudam a melhorar as decisões.

RECORD - Viver na Madeira é difícil? Sente os efeitos da insularidade? Sente-se em défice?

MM - Não, viver na Madeira é agradável. Eu tenho uma família radicada no Porto há 30 anos, embora tenha vivido os outros 20 em Guimarães, com dois adultos jovens a terminarem o percurso académico e uma esposa docente, o que cria uma certa distância. Mas, ultrapassado esse problema, e os transportes permitem estar em uma hora e trinta, uma hora e quarenta no Porto, a inserção social na Madeira tem sido fácil. Estou bem na Madeira e com condições para cá permanecer até de forma indefinida.

R - Sente-se tocado quando os Gato Fedorento brincam com a construção do seu discurso, o famoso "manuelmachadês"?

MM - Isso pode ser olhado de muitos ângulos. Negativamente, como forma de ridicularizar o discurso. Pode ser visto como uma forma de realçar a diferença. Fui por aí.

R - Mudou o seu discurso depois da peça dos Gato?

MM - Não, eu estou a falar convosco como o fazia antes. Fui professor do ensino secundário durante 26 anos e pretendi que a minha mensagem fosse qualificada, porque a escola também é isso. Quando comecei a dividir a docência com o treino não tive consciência de ser necessário fazer uma triagem. E quando vi essa peça dos jovens dos Gato tive consciência do que era o meu discurso, mas sem necessidade de o alterar, porque a minha mensagem passa junto dos meus jogadores. Em relação ao que eu digo na comunicação social, hoje as pessoas têm um nível cultural, uma capacidade de entendimento que lhes permite entender o que eu digo.
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Mensagem por .Swagga Seg Set 07, 2009 1:21 pm

O João Aurélio tem-se revelado uma boa surpresa...

Boa entrevista, a um bom treinador... É mais um que tem tido sucesso com equipas pequenas.
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Mensagem por TelmoEsteves24 Seg Set 07, 2009 4:31 pm

Movido para "Entrevistas".
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Mensagem por ' bernas Seg Set 07, 2009 10:53 pm

nem reparei no tópico das entrevistas.
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