O estranho adversário de Hugo Viana

MÉRIO DO BRAGA ESTREOU-SE HÁ 8 ANOS NO SPORTING

Oito anos e um dia após estreia com a camisola do Sporting, Hugo Viana defronta o leão pela primeira vez. Fez-se homem e jogador em Alvalade... ... E hoje é figura no líder Sp. Braga

Que sensações poderá descobrir Hugo Viana, esta noite, quando subir ao relvado do Alvalade XXI? Um desafio que se coloca ao jogador do Sp. Braga, exposto pela primeira vez ao confronto com o clube que lhe deu nome no panorama futebolístico internacional, numa experiência jamais verificada em jogos de formação ou mesmo em partidas de carácter particular.

Estranha, no mínimo, a situação que preenche a actualidade do internacional português, logo num cenário tão marcante no seu trajecto profissional. Se o relvado é espelho do seu crescimento como homem e jogador, as paredes do estádio do leão também guardam o eco do seu nome numa das mais belas noites que aquele palco já conheceu, ainda que se dispensasse um desfecho tão cruel: a final da Taça UEFA, frente ao CSKA Moscovo, na época 2004/05.

A 15 de Janeiro de 1983, Barcelos deu a conhecer Hugo Viana. Cedo saiu das proximidades do estádio do Gil Vicente para se fixar em Arcozelo, a freguesia mais populosa do concelho. Um ringue à porta de casa garantiu o exclusivo dos primeiros pontapés na bola... e dos primeiros arranhões nas pernas. Princípio de um jogo que iniciaria pelo futebol se cinco, ao serviço da equipa Barcelos Popular. Pedras (Vianense) e Bruno Magalhães (Desp. Chaves) eram, aí, parceiros do homem das fintas e dos golos - 89, pelas suas contas.

José Marconi, glória dos gilistas nos anos 70, havia de reconhecer a qualidade de Miguel - assim é tratado num círculo mais íntimo, tendo 'Migas' como alcunha - e assumir-se como seu primeiro treinador de futebol de 11. A formação no Gil expirou no último ano de iniciado: partiu para o Sporting, clube que fez o convite mais aliciante. Rui Figueiredo, agora a jogar no Chipre, seguiu com ele, mas as saudades de casa carimbaram-lhe o regresso.

Venceu a distância, apesar da forte ligação com a mãe... e chegou longe. Mas não é de se esquecer das raízes: recentemente, até garantiu o seu canto nos arredores de Barcelos. Traço minhoto que desvirtuou por um instante: na estreia da Liga, 5-0 ao V. Guimarães, de leão ao peito. Oito anos e um dia depois da estreia com a camisola do Sporting, a história continua...