Entrevista a Keirrison: «Benfica é o clube certo para evoluir na Europa»

Nem pensou duas vezes quando soube da proposta dos encarnados. Em entrevista publicada este sábado em A BOLA, o jogador mostra-se entusiasmado com a qualidade do plantel mas já pensa no futuro: ser o n.º 1 do Mundo.

Keirrison está nas nuvens. Sabe bem os terrenos que pisa, consciente de que tinha de dar este passo antes do sonho blaugrana. Surgiu o clube da Luz e nem pensou «duas vezes», mesmo sabendo que os seus empresários «tinham outras propostas». Diz que «é o clube certo para evoluir na Europa», porque tem «uma grande dimensão, um grande plantel, todas as condições para lutar por vários títulos».

Promete «ajudar os colegas, trabalhar muito» ultrapassar o número 127, tantos quantos os golos que marcou até agora como jogador profissional, em dois anos e meio.

«As coisas vão sair naturalmente», diz, confessando o objectivo de «tentar ser o melhor marcador do campeonato português». Essa é a sua responsabilidade, explica: «Sou avançado e vivo dos golos.»

Mais surpreendente é o desejo a longo prazo, o qual ajuda a traçar o seu carácter: «Quero ser o melhor jogador do Mundo. Sem ganância, jogando com tranquilidade, mas sei que posso atingir isso. Quando receber o prémio vou lembrar-me do Benfica: foi aqui que me lancei na Europa.»

- O que quis dizer, na conferência de Imprensa de apresentação, com: 'Fui eu que escolhi o Benfica'? Alguém tentou fazê-lo por si?
- Quis apenas deixar claro aos adeptos o apreço que tenho por este clube. Os meus empresários tiveram outras propostas, mas nem as quis ouvir quando soube do Benfica.

- Porquê?
- Conheço o clube, vi muitos jogos do Benfica no Brasil. Vejo todos os campeonatos europeus. E as informações que recolhi foram as melhores.

- Quais foram as primeiras impressões que já retirou?
- Antes de mais, Lisboa é uma cidade linda. Depois, o Estádio da Luz... sem comentários, é perfeito. Além disso o centro de estágios é muito bom e o tratamento que recebi foi excelente.

- Não ir já para o Barcelona foi o melhor para si?
- Foi uma decisão em conjunto, para adquirir experiência europeia no meu primeiro ano. O Benfica é o clube certo para evoluir na Europa. Em dois dias já estou quase adaptado.

- O que lhe pareceu Jorge Jesus?
- Simpático, disse-me o que quer para a equipa e o que pretende de mim. Sinto que com ele terei liberdade para conversar sobre todos os aspectos do jogo.

- Mas tem noção de que os benfiquistas viram a sua chegada como uma grande contratação?
- Tenho, sim. Vou ter sempre uma grande responsabilidade pelo facto de logo aos 20 anos ter chegado a um clube como o Benfica.

- Gosta de marcar penalties?
- Sou especialista. Mas também estou a tornar-me especialista em livres. Tento ser um avançado completo, porque se em alguns jogos não dá para marcar de bola corrida, então há que procurar marcar de outra forma...

- Qual é o seu ponto forte?
- A frieza na hora de marcar. Não fico muito tempo a pensar no que vou fazer quando estou na área, tenho a facilidade de pensar e executar de forma rápida, muitas vezes ao primeiro toque. Sou muito decidido e raramente fico com a sensação de ter tomado uma má opção durante um jogo.

- É por isso que tanto admira Romário? Ele marcava muito de bico, só com um toque...
- Justamente. Pelé também é o meu ídolo, mas só vi Romário ao vivo. Cresci a aprender ver o seu jogo, a querer ser e fazer como ele. Romário fez muitos golos de belo efeito, mas a sua especialidade era o primeiro toque, chutar de biqueira. O seu futebol era simples e meu também. O facto de ter jogado futsal ajuda-me. Procuro simplificar, porque na Europa não há tempo para brincar na área. Tentei ter sempre um futebol simples já a pensar na minha ida para a Europa. E agora estou aqui...